A História do SL Benfica Através de Camisolas
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- Aug 5
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Resumo
Este artigo apresenta uma análise detalhada de várias temporadas marcantes do Sport Lisboa e Benfica, explorando o desempenho da equipa em competições nacionais e internacionais. As épocas abrangidas vão de 1998‑99 até 2023‑24, destacando conquistas como títulos de campeão nacional, triunfos em taças, campanhas consistentes nas competições europeias e momentos emblemáticos que definiram a história recente do clube. Cada capítulo relata os factos mais relevantes de cada temporada, contextualizando o desempenho coletivo e individual, bem como os acontecimentos que moldaram os resultados finais.
Índice
Temporada 1998‑99
Temporada 1999‑00
Temporada 2002‑03
Temporada 2004‑05
Temporada 2017‑18
Temporada 2020‑21
Temporada 2023‑24
Conclusão
Referências
Introdução
O Sport Lisboa e Benfica é um dos clubes mais emblemáticos de Portugal e da Europa, com uma história repleta de glórias e desafios. Ao longo das décadas, a equipa encarnada conquistou títulos, viveu momentos de renascimento e também enfrentou períodos de reconstrução. Este artigo analisa, de forma factual e detalhada, algumas das temporadas mais significativas do clube entre o final dos anos 90 e a atualidade.
Cada capítulo foca-se num período específico, abordando o contexto competitivo, os resultados obtidos, os protagonistas que marcaram as épocas e os eventos que influenciaram a trajetória do Benfica em cada ano. O objetivo é oferecer uma visão clara e rigorosa do percurso recente do clube, permitindo compreender melhor a evolução do seu desempenho e a importância de cada momento na construção da sua identidade.
Temporada 1998‑99 do SL Benfica
A época de 1998‑99 decorreu entre 1 de julho de 1998 e 30 de junho de 1999, marcando a 95.ª época da história do Benfica e a 65.ª presença consecutiva na Primeira Divisão portuguesa. Sob a presidência de João Vale e Azevedo, o clube renovou a confiança em Graeme Souness, que disputava a primeira temporada completa ao leme da equipa.
Desde o início, Souness reforçou o plantel com jogadores britânicos como Michael Thomas, Mark Pembridge e Dean Saunders, mas apenas deste último resultou impacto consistente em campo, fruto da dificuldade de adaptação dos demais ao contexto português.
O plantel contava ainda com talentos como Karel Poborský e Serhiy Kandaurov, peças relevantes mas sem grande visibilidade no centro da narrativa da época.
A campanha na UEFA Champions League começou com uma expressiva vitória por 6‑0 diante do Beitar Jerusalem, mas seguiu-se uma derrota por 4‑2 na segunda mão, insuficiente para impedir o apuramento. Já na fase de grupos, Benfica terminou na segunda posição do Grupo F, atrás do Kaiserslautern e à frente do PSV e HJK Helsinki, com um registo equilibrado de duas vitórias, dois empates e duas derrotas.
Em paralelo, o campeonato nacional arrancou dinamicamente com o Benfica entre os primeiros lugares. Contudo, um empate em casa com o Alverca desencadeou uma série de seis jogos sem vencer, empurrando a equipa para o 5.º lugar e comprometendo simultaneamente o moral e a trajectória europeia.
Foi então que, já entre finais de novembro e o início de fevereiro, a equipa protagonizou uma impressionante sequência de oito vitórias em nove jogos — sete delas consecutivas — relançando-se na luta pelo segundo posto e reacendendo a ambição.
O ponto de viragem aconteceu em 14 de março de 1999, com uma derrota caseira por 0‑3 contra o Boavista. Esse desaire foi decisivo: não só minou a aspiração à liderança, como também abriu a porta a uma nova quebra de forma, culminando na demissão de Souness em 3 de maio.
Os últimos quatro jogos foram dirigidos pelo treinador interino Shéu, que, apesar de tudo, garantiu à equipa terminar em terceiro lugar, com 65 pontos — 14 a menos do que o campeão FC Porto.
No plano individual, a temporada foi memorável para Nuno Gomes. O avançado assumiu-se como melhor marcador do Benfica com 24 golos na Liga e um total de 34 em todas as competições — o ponto mais alto da sua maturação como goleador até então. Em dezembro, por exemplo, já acumulava 13 golos nos primeiros 15 jogos do campeonato, consolidando-se como referência ofensiva.
Apesar das ambições, o percurso na Taça de Portugal terminou abruptamente na quinta ronda, sem grandes surpresas nem profundidade competitiva.
A presença europeia, ainda que representasse um balanço positivo ao atingir o grupo da Liga dos Campeões, não se prolongou além dessa fase.
O ambiente em torno de Souness era tenso. Pressionado pelos adeptos — que em vários jogos chegaram a acenar lenços brancos nas bancadas — e por dirigentes críticos da sua filosofia de trabalho centrada em jogadores estrangeiros e na recusa de aprender português, o técnico escocês viu o seu prestígio esboroar-se em simultâneo à queda de resultados e relação com a liderança do clube.
Em síntese, a temporada 1998‑99 fica marcada por contrastes: momentos de grande coesão e rendimento, seguidos por quebras abruptas e evitáveis; uma progressão europeia condigna mas inconclusiva; e o surgimento definitivo de Nuno Gomes como goleador de elite do Benfica. O terceiro lugar no campeonato reforçou a estabilidade, mas a rotação de treinadores e o clima de instabilidade no balneário apontavam para mais desafios na temporada seguinte.
Temporada 1999‑2000 do Sport Lisboa e Benfica
A época decorreu entre 1 de julho de 1999 e 30 de junho de 2000, marcando o 96.º aniversário do clube e a sua 66.ª temporada consecutiva na elite do futebol português. A presidência manteve-se sob João Vale e Azevedo, enquanto Jupp Heynckes assumiu o lugar de treinador principal ao fim do despedimento de Graeme Souness na época anterior, trazendo consigo prestígio e uma visão táctica consolidada.
Os recursos financeiros limitados do Benfica ditaram uma janela de transferências com jogadores gratuitos ou empréstimos como Tote e Chano, sendo a política orientada para reforços de baixo custo. A equipa iniciou a Primeira Liga com uma série de seis vitórias nos sete primeiros jogos, destacando-se desde cedo na liderança da tabela, posição que manteve até dezembro.
De forma inesperada, o ponto de viragem da campanha surgiu com uma humilhante derrota europeia por 0‑7 diante do Celta de Vigo, em 25 de novembro de 1999 — a maior goleada sofrida na sua história até então — que surtiu impacto dramático no comportamento coletivo e na moral da equipa. A partir daí, a equipa caiu na classificação, virando-se para um terceiro lugar final, oito pontos atrás do Sporting campeão e atrás também do FC Porto.
No campeonato, registaram 21 vitórias, 6 empates e 7 derrotas, totalizando 69 pontos, com 58 golos marcados e 33 sofridos. Na Taça de Portugal, o Benfica alcançou os oitavos de final antes de ser eliminado.
Em relação às competições europeias, a equipa participou na Taça UEFA (UEFA Cup), tendo-se despedido na terceira eliminatória sem atingir as fases mais avançadas da prova.
No plano individual, Nuno Gomes emergiu novamente como elemento decisivo do ataque encarnado, terminando a temporada com 20 golos marcados — 18 na Liga e dois nos demais torneios — mantendo um impacto ofensivo destacável apesar das dificuldades da equipa.
Durante grande parte da época, o Benfica exibiu solidez. No dia 12 de janeiro de 2000 registou-se a vitória mais expressiva da temporada por 7‑0 sobre o Amora na Taça de Portugal, enquanto o histórico 0‑7 com o Celta representou o pior momento competitivo da temporada. Nos confrontos decisivos do campeonato, as exibições foram inconsistentes, e uma derrota na 33.ª jornada por 1‑0 diante do Sporting selou a impossibilidade de lutar pelo título até ao fim.
Foi uma época caracterizada por um futebol promissor nas fases iniciais, seguido por um abrandamento da performance que se evidenciou após o choque traumático com o Celta. A combinação de recursos limitados, entrada tardia de reforços e um ambiente tenso no seio do balneário contribuiu para um desempenho aquém das expectativas, apesar de manter a consolidação no pódio da liga.
Em resumo, apesar de começar com boa dinâmica, a temporada 1999‑2000 do Benfica acabou por cair num terceiro lugar modesto, com campanha europeia discreta e sem conquistas nacionais, deixando uma perceção de oportunidade perdida num contexto de restrições financeiras e instabilidade pós‑Souness.
Temporada 2002‑03 do S.L. Benfica
A temporada iniciou-se a 1 de julho de 2002 e estendeu-se até 30 de junho de 2003. Foi a 99.ª época do clube e a 69.ª consecutiva na Primeira Liga, sob a presidência de Manuel Vilarinho. Jesualdo Ferreira começou como treinador principal, liderando uma equipa ansiosa por regressar às competições europeias após dois anos de ausência. O plantel sofreu reforços pontuais com regressos de antigos jogadores como Hélder e Nuno Gomes, e contratações estratégicas como Ricardo Rocha e Petit, visando elevar a competitividade sem comprometer a estabilidade financeira.
O campeonato arrancou com grande solidez: quatro vitórias consecutivas posicionaram o Benfica na liderança da tabela logo no início. Contudo, esse impulso inicial esmoreceu quando a primeira derrota despoletou uma série sem triunfos que levou o clube a cair até ao quinto lugar. Em novembro, após a goleada histórica por 7‑0 sobre o Paços de Ferreira, uma derrota frente ao Varzim intensificou a instabilidade, culminando na despedida de Jesualdo Ferreira. Fernando Chalana assumiu interinamente por uma partida antes da chegada de José Antonio Camacho.
Com Camacho no comando, o Benfica recuperou o segundo lugar e consolidou-se nessa posição até ao final, abrindo vantagem sobre o Sporting e garantindo o regresso à fase de qualificação da UEFA Champions League em 2003‑04. Ainda assim, a equipa terminou a época a 11 pontos do campeão FC Porto, que dominou a Liga com autoridade.
Foi também na temporada 2002‑03 que o Estádio da Luz original acolheu o seu último jogo oficial, em 22 de março de 2003. A partir daí, todos os jogos passaram a ser disputados no Estádio Nacional, em Oeiras, enquanto o novo “Novo Estádio da Luz” era construído para o Euro 2004.
Em termos estatísticos, o Benfica completou a temporada com um registo de 23 vitórias, 6 empates e 5 derrotas, totalizando 75 pontos, fruto de 74 golos marcados e apenas 27 sofridos — um saldo altamente positivo que refletiu a consistência ofensiva e defensiva do grupo. Simão Sabrosa destacou-se como o artilheiro da equipa e da Liga com 18 golos, contribuindo ainda com nove assistências no campeonato, enquanto Nuno Gomes, Tiago e Zlatko Zahovič também aportaram cinco ou mais golos cada um. No lado defensivo, o guarda-redes José Moreira alinhou em 31 partidas com um registo exemplar de 21 vitórias e uma média de golos sofridos de 0,87 por jogo.
A goleada por 7‑0 ao Paços de Ferreira em 10 de novembro foi, sem dúvida, o momento mais marcante da época. Representou o maior triunfo da temporada e injetou confiança num ciclo que já vinha de uma derrota pesada no início da competição doméstica.
Apesar de uma campanha positiva que reconciliou o Benfica com o segundo lugar nacional e abriu as portas à Champions League, o clube não conseguiu suplantar o domínio portista. No entanto, este percurso serviu como alicerce para o crescimento subsequente: a consolidação da equipa sob Camacho e a construção do novo estádio acabariam por catalisar conquistas nos anos seguintes.
Temporada 2004‑05 do S.L. Benfica
A temporada estendeu‑se de 1 de julho de 2004 a 30 de junho de 2005, e foi marcada por um momento histórico na vida do Benfica: a conquista do 31.º título nacional, que encerrou uma jejum de 11 anos. Sob a presidência de Luís Filipe Vieira, a direção apostou na experiência do italiano Giovanni Trapattoni para assumir o comando técnico, numa fase de reconversão do clube. Trapattoni chegava após uma época anterior de proximidade ao título, e era encarado como elemento de estabilidade e rigor táctico.
No início da liga, o Benfica arrancou com várias vitórias consecutivas e liderou a tabela nacional até meados de outubro. Contudo, a derrota caseira no clássico frente ao FC Porto desencadeou uma fase de resultados menos conseguidos, com empates e derrotas que fizeram a equipa descer até ao terceiro lugar no final do ano. Já em janeiro, as dificuldades persistiram e até chegaram a cair para o quinto lugar, depois de várias exibições apagadas frente a Sporting e outros adversários.
O ponto de viragem ocorreu após a Taça de Portugal, com uma vitória sobre o Sporting no Jamor que reacendeu a ambição da equipa e foi catalisador de uma recuperação impressionante. A partir daí, o Benfica protagonizou o seu melhor ciclo competitivo da época: regressou ao primeiro lugar e chegou ao fim do campeonato com uma vantagem consistente, selando o título na última jornada com 65 pontos, apenas três acima do FC Porto. Foi um campeonato celebrado como extremamente competitivo, pois a liderança alternou frequentemente entre os grandes, ritmo incomum na altura.
Simão Sabrosa foi a figura de proa da equipa, qualificado como o melhor marcador do campeonato com 15 golos na Liga e 22 em todas as competições, convertendo-se na referência ofensiva em momentos decisivos. Nuno Gomes, Geovanni, Mantorras e Karadas também tiveram impacto, embora em menor escala, contribuindo para um coletivo equilibrado em termos de aporte de golos.
Na Taça de Portugal, o Benfica chegou à final do Jamor, mas foi derrotado por 2‑1 pelo Vitória de Setúbal — o clube sadino recuperou de um golo precoce de Simão para triunfar e garantir a taça pela primeira vez em 38 anos. Esse resultado impediu a conquista de uma esperada “dobradinha”, que seria a primeira desde 1987.
Em termos europeus, o percurso foi dececionante. O Benfica foi eliminado na terceira pré-eliminatória da UEFA Champions League pelo Anderlecht e caiu para a Taça UEFA, onde saiu já nos 32‑avos de final frente ao CSKA Moscovo. Ficou assim demonstrado que o foco principal do grupo e da estrutura do clube esteve centrado na competição interna, sobretudo aproveitando a oportunidade de quebrar o longo jejum do campeonato.
As estatísticas finais do campeonato confirmam a consistência da equipa: 19 vitórias, 8 empates e 7 derrotas, com 51 golos marcados e apenas 31 sofridos, o que resultou numa diferença de +20 e numa média de 1,91 pontos por jogo. O desempenho em casa foi particularmente sólido, com 12 triunfos, 3 empates e 2 derrotas; fora, apesar de menos eficiente, manteve regularidade suficiente para assegurar o primeiro lugar.
Em síntese, a temporada 2004‑05 representa um ponto de viragem operado por Trapattoni e Vieira, uma era de reconquista que assentou sobre disciplina táctica, coesão e liderança carismática de Simão. Ainda que tenha faltado sucesso europeu e a final da Taça representasse uma inevitável frustração, o título nacional serviu de base à recuperação do Benfica nos anos subsequentes, com conquistas mais regulares e afirmação da nova estratégia de gestão.
Temporada 2017‑18 do S.L. Benfica
A época decorreu entre agosto de 2017 e maio de 2018, marcando a 114.ª temporada do Benfica nos escalões superiores do futebol português. O clube entrou nessa temporada como tetracampeão nacional, sob a presidência de Luís Filipe Vieira e com Rui Vitória ao leme da equipa. O regresso da Supertaça Cândido de Oliveira no início de agosto renovou o otimismo dos adeptos e parecia antecipar uma nova campanha vitoriosa em Portugal.
Durante grande parte da Primeira Liga, o Benfica apresentou-se como adversário forte, com um futebol consistente e resultados positivos, sobretudo em casa. A equipa terminou o campeonato em 2.º lugar, com 81 pontos, fruto de 25 vitórias, 6 empates e apenas 3 derrotas, marcando 80 golos e sofrendo 22 — números que atestam a sua estabilidade competitiva, embora insuficiente para impedir o FC Porto de conquistar o título com 88 pontos e uma performance dominante ao longo de toda a temporada.
A presença europeia foi uma das piores da história recente do clube. Inserido no Grupo A da Liga dos Campeões com Manchester United, Basileia e CSKA Moscovo, o Benfica tornou-se o primeiro clube português a terminar a fase de grupos com zero pontos. Foram seis derrotas, com um saldo de apenas um golo marcado e 14 sofridos — um desempenho que entrou nas piores campanhas da prova a nível global.
A campanha nas taças nacionais também foi modesta. Na Taça de Portugal, a equipa caiu ainda na quinta ronda, enquanto na Taça da Liga a eliminação surgiu logo na terceira fase. Deste modo, e apesar da conquista da Supertaça, a época ficou longe de corresponder às expectativas nos palcos onde o clube aspirava ir mais longe.
No plano coletivo, a equipa demonstrou bom entendimento tático, especialmente até à segunda metade da temporada, quando ainda sonhava disputar o penta. No entanto, subidas e descidas de forma culminaram em episódios críticos. O avançado brasileiro Jonas voltou a ser decisivo: com 34 golos no campeonato e 37 no total da época, igualou Messi no topo europeu da artilharia e manteve-se como a principal referência ofensiva da equipa. Seguiram-se Pizzi, Salvio e Zivkovic, mas foi a persistência de Jonas que manteve o Benfica competitivo mesmo nos momentos mais difíceis da época.
Num exemplo paradigmático da solidez defensiva, Bruno Varela assumiu a condição de guarda‑redes mais utilizado do campeonato, contribuindo para a impressionante diferença de golos de +58. Ainda assim, a equipa mostrou fragilidades fora de casa e resistência limitada nos confrontos decisivos, o que acabou por ditar a perda do título.
Para além disso, no plano emocional, a campanha europeia amplificou a insatisfação: erros defensivos, exibições opacas e a ausência de qualquer ponto na Champions pesaram na confiança interna. A polémica tornou-se mais aguda quando a equipa falhou no jogo em casa diante do CSKA e depois no embate com o Manchester United, onde o jovem guarda‑redes Mile Svilar cometeu um erro decisivo, contribuindo para a trajetória negativa do clube nessa fase.
Apesar do desaire europeu, internamente o Benfica recuperou e lutou até fim pelo título; embora não tenha sido suficiente, manteve o segundo lugar com brilho. O ponto mais alto da temporada foi a aposta em jovens talentos como Rúben Dias, Pizzi ou Seferović, que viriam a ser fundamentais em épocas seguintes. No balanço final, a temporada 2017‑18 ficou marcada pela contradição entre excelência ofensiva e colapso europeu, um contexto que desencadeou uma reflexão profunda sobre o modelo competitivo do clube.
Temporada 2020‑21 do Sport Lisboa e Benfica
A época iniciou-se em agosto de 2020 e prolongou-se até maio de 2021. Foi a 117.ª temporada do clube e a 87.ª seguida na Primeira Liga, presidida por Luís Filipe Vieira, com Jorge Jesus como treinador principal — retornando ao comando técnico do Benfica, após uma longa ausência física e simbólica.
O clube realizou investimentos históricos, perto de €105 milhões, contratando nomes como Darwin Núñez, Éverton, Nico Otamendi, Jan Vertonghen e Luca Waldschmidt. O investimento criou elevadas expetativas, mas a equipa não correspondeu em campo.
No campeonato, o Benfica terminou em 3.º lugar com 76 pontos (23 vitórias, 7 empates, 4 derrotas), marcando 69 golos e sofrendo 27, o que resultou numa diferença de +42 e média de 2.24 pontos por jogo — estatísticas que evidenciam regularidade, mas insuficientes para bater o Sporting (campeão) ou o FC Porto.
Jorge Jesus enfrentou uma sequência negativa dramática em janeiro e fevereiro, com surtos de COVID‑19 que afetaram jogadores-chave, resultando numa queda severa de rendimento e perda de 15 pontos em apenas seis semanas. Apesar de uma recuperação posterior, os danos já estavam feitos.
Nas taças nacionais, o Benfica foi finalista derrotado na Taça de Portugal (derrota por 2‑0 contra o Braga em Coimbra, final disputada à porta fechada) e chegou às meias-finais da Taça da Liga, tendo sido derrotado antes da final; na Supertaça Cândido de Oliveira, foi vice‑campeão.
No plano europeu, a prestação ficou marcada por falhanços. O Benfica foi eliminado pelo PAOK na terceira pré-eliminatória da Champions League, caindo para a UEFA Europa League, onde integrou o Grupo D. Beneficiou da melhor campanha entre os portugueses com vitórias contra Lech Poznań e Standard Liège, mas acabou eliminado nos 32 avos de final pelo Arsenal (1‑1 fora, 2‑3 em casa).
Individualmente, Haris Seferović foi o artilheiro da época com 22 golos na Liga e 26 no total, mas falhou várias ocasiões claras que teriam feito a diferença — relato esse de frustração em várias análises. No entanto, surgiram pontos positivos defensivos a partir de meados da temporada, com a entrada de Otamendi, Vertonghen, Veríssimo e Weigl, que reduziram o número de golos sofridos de forma significativa na reta final.
Otamendi acabou por assumir a braçadeira em vários jogos decisivos, assumindo-se como elemento estabilizador.
Do lado da baliza, Odysseas Vlachodimos perdeu protagonismo para Helton Leite, que garantiu oito jogos sem sofrer golos na Liga e consolidou uma resposta consistente à lesão de André Almeida-
Também emergiu Gonçalo Ramos com um golo em quatro aparições como suplente, sendo uma das surpresas positivas da época.
Ao longo da época, sentiram-se falhas claras na conversão ofensiva e na gestão de pressão nas fases decisivas. Apesar das contratações e do investimento gigantesco para os padrões do futebol português, não foi conquistado qualquer título nacional ou europeu, sendo a primeira temporada sem troféus desde 2012‑13.
Temporada 2023‑24 do S.L. Benfica
A temporada iniciou-se com uma nota positiva ao conquistar a Supertaça Cândido de Oliveira, com vitória por 2‑0 sobre o FC Porto em Aveiro, num jogo em que Ángel Di María foi eleito o “Homem do Jogo” da partida disputada a 9 de agosto de 2023 (Supertaça de 2023).
No campeonato nacional, Benfica entrou como detentor do título anterior e iniciou a Primeira Liga com uma exibição consistente. Terminou em 2.º lugar com 80 pontos — fruto de 25 vitórias, 5 empates e 4 derrotas — e um saldo ofensivo de 77 golos marcados e 28 sofridos, garantindo uma diferença final de +49. O artilheiro da equipa foi o médio Rafa Silva, que somou 14 golos na Liga e 22 no total da temporada.
O percurso europeu começou na Champions League, onde o Benfica ficou pelo terceiro lugar do seu grupo (atrás de Barcelona e Eintracht Frankfurt), acumulando 2 vitórias, 3 empates e 1 derrota e somando 9 pontos, com saldo negativo de golos (9 marcados / 12 sofridos). Essa classificação levou à Liga Europa, onde a equipa brilhou até aos quartos‑de‑final, eliminando Toulouse nos playoffs e Rangers nos oitavos antes de cair com o Olympique de Marselha — derrota pesada na segunda mão que ditou a eliminação por 4‑2 no agregado (1‑2 fora, 1‑0 em casa).
Nas taças nacionais, o Benfica atingiu as meias‑finais tanto da Taça de Portugal como da Taça da Liga, mas não chegou à final em nenhuma delas.
No plano coletivo, a equipa mostrou estabilidade sobretudo em casa, com 15 jornadas sem derrotas em Vila Luz e disciplina táctica sólida no centro do campo, liderado por jogadores como Fredrik Aursnes e João Neves. A nível defensivo, Anatoliy Trubin cumpriu 13 jogos sem sofrer golos, destacando‑se entre os guarda‑redes da Liga.
A equipa técnica, liderada por Roger Schmidt, manteve-se até ao final da temporada, assegurando uma campanha competitiva mesmo que sem conquistar o título, dado o domínio do Sporting CP que terminou com 90 pontos. A temporada demonstrou coerência e crescimento, embora tenha ficado a faltar o troféu mais ambicionado, a título nacional e europeu. A estrutura de Bruno Lage só assumiu o comando após esta época, em contexto de revolução nos três grandes clubes de Portugal.
Em síntese, a temporada 2023‑24 do Benfica foi marcada por boa consistência táctica, rendimento ofensivo sólido e uma presença europeia respeitável até aos quartos‑de‑final da Liga Europa. O segundo lugar no campeonato confirmou regularidade, mas evidenciou também que existia ainda uma margem a melhorar para retomar o título que escapou.
Conclusão
A análise das temporadas abordadas demonstra que o Benfica atravessou fases de altos e baixos, alternando períodos de domínio nacional com épocas de maior dificuldade. Nas campanhas analisadas, destacam-se conquistas como a Taça de Portugal e o título de campeão nacional em 2004‑05, a solidez europeia em várias épocas e a recente consistência exibida na temporada 2023‑24, onde a equipa manteve-se competitiva até às fases finais das competições.
Apesar das oscilações, o Benfica mostrou sempre capacidade de se reinventar, apoiado por uma base de adeptos fiel e uma estrutura que procura constantemente melhorar. Este percurso reafirma o estatuto do clube como uma das maiores instituições do futebol europeu.
Referências
Wikipedia – 1998–99 S.L. Benfica season
Wikipedia – 1999–2000 S.L. Benfica season
Wikipedia – 2002–03 S.L. Benfica season
Wikipedia – 2004–05 S.L. Benfica season
Wikipedia – 2017–18 S.L. Benfica season
Wikipedia – 2020–21 S.L. Benfica season
Wikipedia – 2023–24 S.L. Benfica season
FBref – Benfica Stats
UEFA – Liga Europa 2023–24
As.com – Contexto dos treinadores em Portugal
Le Monde – Olympique de Marseille arrache une demi-finale de Ligue Europa
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